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Por conhecermos ser nossa obrigação darmos conta, a V. Exa. da mais minima acção que suecedesse nesta praça e seu recôncavo, com muito maior razão o devemos fazer de cousas arandes. e extraordinárias, como foi a acção de 8 do mez pas- sado de Novembro, dia em que houve tão grande, e universal alteração neste povo opprimido, e vexado com effeitos de ambição, violência, e ainda da tyrannia do Governador Salvador Corrêa de Sá, e Benavidcs, que acclamando liberdade pelas praças, e Ruas publicas, entre os vivas do nome de Sua Magestade, a quem reconheciam por seu Rei, e Senhor, se ouviam os clamores contra o mau Governo do dito Governador, levantando-lhe a obediência de ser por elle, como até hi fora governado, negando-a também a seu primo Thomé Corrêa de Alvarenga que em sua ausência (por ser partido para as Minas do Sul) ficara segunda vez governando esta praça. Elegendo logo por seu Governador a Agostinho Barbalho Bezerra fidalgo da Casa de Sua Magestade, por concorrerem nelle todas as qualidades que o fazem digno de maiores logares: requerendo a prisão ás pessoas do dito Thomé Corrêa de Alvarenga, do Provedor da Fazenda Real Pedro de Sousa Pereira e de seu irmão, o Sargento-mor Marfim Corrêa que com effeito ficam presos nas fortalezas desta cidade, capitulando-o criminalmente; cujos capitulos com os mais autos, instrumentos, e papeis do succedido, larga e extensamente processados, como também as circumstancias todas do caso remette este povo a Sua Magestade no Tribunal da Relação deste Estado, . . . por nelle sedignissimo Presidente o deixamos de fazer nesta por mais extenso. Só pedimos nesta a V. Exa. que como tão graude Ministro, e servidor de Sua Magestade queira pôr os olhos na presente acção deste movimento popular, e delia conhecerá ser filha da desesperação de remédio; pois nunca o teve este povo, para chegarem suas queixas aos piedosos ouvidos de. seu Rei, e Senhor, nem por cartas, nem por procuradores,’ um dos quaes, assim como lá não foi ouvido, cá perdeu a vida: e que toda ella se dirige a melhor, e mais desinteressado serviço de Sua Magestade, como constará a V. Exa. pelo que o dito povo refere nos Capítulos que apresenta para que tenha elle em V. Exa. um protector verdadeiro e benignos informes que fizer neste negocio a Sua Magestade assim como o dito Senhor tem em V. Exa. um dos Ministros mais zelosos, mais confidentes, e mais desinteressados. Deus guarde a pessoa Altissima de V. Exa. Feita em Câmara 17 de Dezembro de 1660 annos, e eu Jorge de Sousa escrivão da Câmara a fiz escrever. Diogo Lobo Pereira — Clemente Nogueira – Simão Botelho de Almeida — Fernão Falero Homem — Lucas da Silva — Jzebio Dias Cardoso. |
